Entrevista com Mariana Emiliano

domingo, 23 de outubro de 2011 0 comentários
A
pesar da agenda cheia Mariana Emiliano, que divide seu tempo entre seu doutorado em Antropologia e um curso de pós-graduação da UFF, em que trabalha; concedeu uma entrevista ao Correnteza. Após sua apresentação na XXXI Semana da Química IFRJ, ovacionada por fãs e alunos, nos encontramos na Biblioteca da instituição, onde abriu o jogo, falando sobre a reforma do Auditório; as mulheres do século XXI e sua peça, “Das fogueiras ao Nobel: entre feitiço e a ciência”. Fazendo sua análise de seu ciclo no IFRJ, diz que se sente realizada em confirmar sua docência; e dedica aos alunos, principalmente, o sucesso reconhecido nos dois anos que esteve presente no instituto; e revela, “Eu sou apaixonada pelas pessoas!”. Confira:
Movimento Correnteza – Comente sobre sua peça, “Das fogueiras ao Nobel: entre feitiço e a ciência”, seu último trabalho no IFRJ.
Mariana Emiliano – A peça partiu da iniciativa de alguns professores e funcionários, com o intuito de trazer as essências da feminilidade; foi um processo de autoconhecimento e interação entre os participantes.
MC – Nessa Semana da Química tivemos a união com a Semana da Cultura, o que isso significa?
ME – Essa união possui dois lados, um positivo, pois os eventos se fortalecem, concentrando mais energia em apenas uma atividade; e a negativa, acaba se dando mais valor a parte técnica, sendo minimizada a parte cultural; isso é resultado das especificidades de cada evento.
MC – A XXXI Semana da Química, homenageia a mulher. Quais foram às conquistas que as mulheres alcançaram no século XXI? 
ME – As mulheres conseguiram espaços que eram restritos aos homens, sendo intensificado em algumas áreas e outras não. Construíram a consciência que a mulher tem tomado de sua própria importância e da capacidade que possuem na administração, gestão, liderança e etc.
MC – E a luta continua?
ME – Sim, a luta continua companheiro!(risos) Ainda há espaços, cargos ocupados por homens, em sua maioria. As desigualdades salariais, de oportunidades de emprego e etc. E também há uma forma muito equivocada de se pensar a relação com os homens, seja nas relações de trabalho ou relacionamentos pessoais. Aprendemos a competir, confrontar e disputar. Precisamos mudar o olhar, vê uma complementaridade, um equilíbrio, um ajudando o outro oferecendo o seu melhor. Esse complemento seria o das diferenças.
MC – Mas há uma um efeito colateral?!
ME – Conseqüência de uma disputa que não leva em conta as diferenças entre homens e mulheres. As mulheres acabaram sendo tratadas como os homens; se “masculinizando”, em alguns comportamentos. Ocorreu a desvalorização das particularidades do feminino: a intuição, emoção, acolhimento. Estes aspectos ficam “escondidos”, e vêm à tona os que são masculinos: força, disputa. É o efeito colateral que nós mulheres sofremos neste processo de emancipação.
MC – O que você tem a dizer sobre a reforma do auditório?
ME – Achei ótima. Ainda precisa mudar algumas coisas, mas fiquei surpresa com a melhora em tão pouco tempo. Isso mostra que é possível mudar quando se tem vontade. A burocracia e a falta de interesse às vezes impedem que se faça o que é melhor para quem usufrui do espaço, que neste caso, são os alunos e toda a comunidade escolar.
MC – Qual é o seu próximo passo depois de sua saída do IFRJ?
ME – Dar continuidade às minhas outras atividades; um doutorado em Antropologia e o curso de pós – graduação na UFF, no qual trabalho; que exigem muito do meu tempo e dedicação.
MC – A que você dedica e atribui o êxito de seu trabalho no IFRJ, desde Revolta da Chibata, aula de dança e De frente com Gabi?
ME – Dedico aos alunos, que foram os que fizeram o trabalho. Meu papel foi de coordenar, organizar idéias e acreditar que era possível em fazê-los. Atribuo à capacidade de criação que todos nós temos e que infelizmente não desenvolvemos. Os talentos, que são diferentes em cada um, possibilitam inúmeras coisas, mas alguém precisa dizer para esses meninos que eles são sim, capazes de criar. E atribuo, principalmente, à paixão que tenho pelo que faço. Eu sou apaixonada pelas pessoas! Gosto de estar com elas. Gosto de encontros, e gosto de ver a alegria dos alunos quando fazem o que gostam.
MC – Faça uma análise do fechamento do seu ciclo no IFRJ?
ME – Acredito que realmente foi um ciclo, no sentido de início, meio e fim. Saio muito feliz porque aprendi muito, confirmei o meu gosto pela docência. Fiz amigos, me diverti, trabalhei muito. E fico certa de que valeu a pena quando entro na escola e vem um aluno me abraçar e dizer que me ama. Não é uma despedida triste para mim, pois fiz o meu melhor. E quero que fiquem com os nossos melhores momentos.  

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