OBMEP: A Olimpíada do Raciocínio

sábado, 10 de dezembro de 2011 0 comentários
O Movimento Correnteza traz mais uma matéria a respeito das olimpíadas de conhecimento. Desta vez, a olimpíada em questão é a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), que, assim como a OQRJ, dissemina conhecimento e abre muitas portas na vida acadêmica. Através dela pode-se obter reconhecimento nacional, medalhas e até mesmo participar de um programa de iniciação científica. Para saber mais desta olimpíada, confira esta  entrevista realizada pelo Movimento Correnteza com um dos organizados da OBMEP no IFRJ - Campus Rio de Janeiro, o professor Rafael de Freitas Lopes.

Movimento Correnteza - O que é a OBMEP, e qual seu objetivo?

Rafael de Freitas Lopes - A OBMEP é a olimpíada de matemática das escolas públicas. Acredito que seu objetivo seja o de estimular o interesse pelo estudo da matemática nas escolas da rede pública. Por outro lado, ela também pode ter a intenção de avaliar as escolas públicas, quanto à qualidade do ensino praticado na rede, já que suas questões, comparadas às da OBM, são mais apropriadas para este objetivo.

MC - Qual importância dela para a vida estudantil? Ela abre portas para o exterior?

RF - Partindo do sabido de que a matemática é uma disciplina que carrega o estigma da disciplina que mais reprova, aquela cujas médias são as mais baixas, na qual os educandos encontram muita dificuldade no aprendizado, certamente um certame deste tipo pode até ter um efeito contrário. Por outro lado, a escola que estimula seus alunos a participarem, oferecendo orientação em aulas especiais, pode contribuir para o sucesso desta iniciativa. Todos  sabemos que um bom ensino de ciências, é característica de países com alto grau de desenvolvimento. Claro, não somente pelo ensino de ciências, mas em particular esta disciplina é um dos pilares na construção do pensamento científico, base para uma sólida formação profissional. Quanto a abrir portas para o exterior, não que eu seja xenófobo, não me preocupa muito, já que o que se produz hoje no Brasil em pesquisa na área de ensino de ciências e matemática nos coloca ao nível dos grandes centros de excelência. Por outro lado, a colaboração entre os países sempre foi importante. Devo dizer que a comparação de alunos em um ranking internacional não me agrada muito,mas essas olimpíadas é um caminho para fazer as internacionais.

MC - Como funcionam as provas (fases)? Qual o número de questões e como é feita a pontuação?

RF - A OBMEP é realizada em duas fases. Na primeira fase, os alunos respondem a 20 questões de múltipla escolha, onde se classificam para a etapa seguinte 5% dos alunos com maior pontuação. A primeira fase é apenas classificatória e não influencia na nota da fase seguinte. Na segunda, a prova é dissertativa, geralmente com 6 a 8 questões, onde os candidatos devem explicar o seu raciocínio e exibir os cálculos efetuados. As provas da segunda fase são corrigidas regionalmente, assim definindo uma nota de corte e então são recorrigidas nacionalmente com uma equipe unificada que define os futuros premiados.

MC - Como funcionam as premiações?

RF - As premiações funcionam da seguinte maneira: são oferecidas nacionalmente para o nível que participamos (Nível 3) 100 medalhas de ouro, 300 medalhas de prata e 465 medalhas de bronze, além de certificados de menções honrosas, que são para os alunos de maior  pontuação nacional, que não ganharam medalhas.

MC - O que é o PIC, e de que forma ele opera?

RF - O PIC (Programa de Iniciação Científica) é um programa que estimula nos alunos o gosto pela ciência, motivando a escolha profissional por carreiras científicas e tecnológicas, onde os conhecimentos matemáticos são aprofundados. Este programa tem duração de 1 ano e é oferecido aos alunos que obtiveram medalhas de cada ano, onde eles recebem uma bolsa mensal de R$100,00. No link http://www.obmep.org.br/prog_ic_2008.html os alunos podem encontrar outras informações sobre este programa.

MC - Em relação à OMERJ (Olimpíada de Matemática do Estado do Rio de Janeiro) e à OBM (Olimpíada Brasileiras de Matemática) , por que o IFRJ – Campus Rio de Janeiro não participa?

RF - Achamos melhor nos dedicar à OBMEP, por ser estimulada pelo MEC. Seria muito difícil para nós, professores do IFRJ, administrarmos todos estes eventos.

MC - A escola tem alcançado bons resultados na OBMEP? Poderia dar alguns exemplos? E por que há pouca divulgação desses resultados? Você acha que deveria haver mais reconhecimento por parte dos alunos?

RF - Sim, temos excelentes resultados. Em todos os anos em que foram aplicadas, nossos alunos têm conseguido conquistar medalhas de ouro, prata e bronze, além de significativa quantidade de menções honrosas. Não sei responder o motivo pelo qual não se divulgam estes resultados com a ênfase que se deveria. Quanto ao reconhecimento desses alunos, sim, acho que deveriam ser mais reconhecidos por seu talento. Por outro lado, não ter bons resultados em matemática não significa que sua vida profissional está comprometida. Temos que nos preocupar sim, com o rendimento dos alunos como um todo, em sua formação integral. As olimpíadas cumprem um papel importante, mas não é tudo. Fica parecendo que quando enaltecemos os alunos por serem ótimos em matemática, aqueles que não o são se sentem discriminados, punidos por sua incapacidade. A OBMEP é muito mais que uma competição, é um estimulo a alegria de se trabalhar com a matemática.

MC - Você acha que escola, por ser técnica, faz com que o ensino de matemática seja atrapalhado? Acha que devia ter um incentivo maior pela escola em relação as olimpíadas?

RF - Não restam dúvidas de que nossa modalidade de ensino é diferenciada em relação ao ensino médio propedêutico e isso é um complicador. Acho que está de bom tamanho, os alunos é quem ditam esta medida. Não que os professores não se esforcem para tal, mas respeitamos suas limitações impostas pelo ritmo árduo de suas tarefas cotidianas.

MC - No caso de alunos que tem mais interesse pela matéria, não poderia haver algum auxílio como criação de turmas de estudos para olimpíadas? E aos alunos menos interessados, algum tipo de incentivo?

RF - Já fazemos isso aqui no IFRJ, com a recuperação paralela, que é ao mesmo tempo suporte pedagógico aos alunos como também uma espécie de estudos dirigidos. Quanto às aulas direcionadas para a preparação ás olimpíadas, como disse isto sobrecarregaria muito estes alunos. Por mais que se tenha talento e motivação, deve-se respeitar sua juventude. A vida não se resume a competições. Por outro lado temos graves problemas de infraestrutura no campus que nos impossibilitam de oferecer aos nossos alunos tudo aquilo que eles merecem

MC - Qual é sua recomendação para alunos que desejam se preparar para as olimpíadas do próximo ano?

RF – Que continuem com este espírito jovial e alegre, pois é dele que a ciência se nutre. No dizer do filósofo, a inteligência é a luz da ciência. E nesse sentido, nossos jovens não só tem bastante inteligência para tal, como iluminam nossas vidas no desafio diário de trabalhar neste agradável e fraterno convívio escolar.

No site www.obmep.org.br os alunos poderão encontrar todo material de apoio para se preparar para OBMEP, bem como podem tirar outras dúvidas.   







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